Percepções multiprofissionais e barreiras à mobilização precoce na terapia intensiva: um estudo em um hospital universitário
DOI:
https://doi.org/10.17267/2238-2704rpf.2024.e5448Palavras-chave:
Modalidades de Fisioterapia, Terapia por Exercício, Terapia Intensiva, Reabilitação, Equipe MultiprofissionalResumo
INTRODUÇÃO: A hospitalização frequentemente causa dificuldades de mobilidade e compromete as atividades da vida diária. A mobilização progressiva de pacientes em unidades de terapia intensiva (UTI) é segura e está associada a melhores resultados clínicos e funcionais. OBJETIVO: Avaliar a percepção da equipe multiprofissional das UTIs de um hospital universitário quanto à mobilização precoce (MP). MÉTODOS: Foi realizado um estudo prospectivo e observacional com dados coletados de profissionais e estudantes da UTI do Hospital Universitário Clementino Fraga Filho da Universidade Federal do Rio de Janeiro entre junho e dezembro de 2019. Os dados sobre a percepção da MP foram coletados por meio de questionário. A estatística descritiva e o teste exato de Fisher foram utilizados para analisar as diferenças entre categorias profissionais. RESULTADOS: Em comparação aos fisioterapeutas (88%), um percentual menor de médicos (37,5%) e enfermeiros (50%) relataram que os pacientes em ventilação mecânica (VM) são mobilizados em 48 horas (P<0,05). Além disso, um percentual menor de médicos e enfermeiros reportaram que a sua carga de trabalho era suficiente para mobilizar os pacientes pelo menos uma vez por dia (62,5% vs. 62,5% vs. 96%; P<0,05). Os fisioterapeutas relataram, com maior frequência que os médicos, que “pacientes em procedimentos” eram uma barreira (57,7% vs. 18,7%; P<0,05). Já em relação à ventilação mecânica (VM), os médicos identificaram essa barreira com maior frequência (43,7% vs. 7,7%; P<0,05). Houve concordância geral sobre os benefícios da MP (>80%), sendo as principais barreiras percebidas a indisponibilidade de profissionais (58%), a condição clínica (55%) e pacientes submetidos a procedimentos (45%). CONCLUSÃO: Em um hospital universitário sem protocolo de MP estabelecido, a equipe multidisciplinar apresenta percepção satisfatória sobre a MP. Contudo, a criação de protocolos e diretrizes institucionais é essencial para engajar a equipe na implementação da MP e na superação de barreiras.
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