Laço social como discurso na psicose: impasses e possibilidades
DOI:
https://doi.org/10.17267/2317-3394rpds.2022.e3850Palavras-chave:
Psicanálise, Saúde Mental, Laço Social, PsicoseResumo
INTRODUÇÃO: A abordagem psicanalítica atua no avesso do discurso psiquiátrico, não requerendo um manejo padronizado, e se orientando para a singularidade. O modo como cada um se enlaça ao Outro é apresentado por Lacan (1969-1970/1992) através do conceito de laço social. A inserção no discurso engendra uma trama social e, para tanto, é necessário observar o modo singular com que cada um faz laço, valendo-se da ideia de que haverá sempre um resto, pedaço de real não completamente absorvido pela lógica discursiva. Será propriamente através da invenção de um sinthoma que este resto encontrará alguma estabilização, inserindo o Outro nesta construção (Lacan, 1975-1976/2007). Partindo deste a priori, o presente estudo objetiva delinear como se estabelece o laço social na psicose a partir da psicanálise de orientação lacaniana, articulando com o conceito de sinthoma. MÉTODO: O percurso metodológico adotado se caracteriza como qualitativo, de objetivo exploratório, e quanto ao seu delineamento, é uma pesquisa bibliográfica. RESULTADO: Como resultados, identificamos que a psicanálise possibilita uma clínica pautada na responsabilidade do sujeito e de sua singularidade como diretrizes éticas na condução de intervenções no campo da saúde mental. CONCLUSÃO: É a partir do conceito de laço social, formulado por Lacan, que poderemos ver as soluções, bricolagens e sinthomas que amparam a cada um. Portanto, resta acompanhar e testemunhar, no um a um dos casos, a forma como cada sujeito pode, ao seu modo, remendar a sua realidade, sempre psíquica.
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