Análise das condições psíquicas de crianças e adolescentes submetidos à institucionalização
DOI:
https://doi.org/10.17267/2317-3394rpds.2023.e4675Palavras-chave:
Institucionalização, Crianças, Adolescentes, Teste projetivo, SofrimentoResumo
INTRODUÇÃO: As instituições de acolhimento visam suprir as necessidades materiais e emocionais daqueles que são colocados sob tutela do Estado. Contudo, alguns estudos evidenciam que é comum que instituições de acolhimento sejam deficitárias em relação ao número de funcionários que compõe uma equipe técnica, e que, em alguns casos, a criança ou adolescente permanece mais tempo nessas instituições do que o previsto pela legislação. OBJETIVO: Analisar se o período de permanência em uma instituição de acolhimento constitui um fator agravante para a manifestação de sofrimento psíquico. MÉTODO: A pesquisa foi realizada com 4 sujeitos institucionalizados (dois há mais tempo e dois há menos tempo) de uma casa de acolhimento localizada no município de Ourinhos – SP e com 4 profissionais da equipe técnica do local. Os dados foram coletados mediante entrevista semiestruturada, lúdica, anamnese, observação, análise documental e aplicação do teste projetivo HTP. RESULTADOS E DISCUSSÃO: Observou-se que o tempo de acolhimento institucional é um fator que promove o aumento do sofrimento psíquico de pessoas institucionalizadas, pois comparando-se o adolescente que residia há mais tempo no local e os demais foi constatado que ele possuía mais prejuízos em seu desenvolvimento. Além disso, foi constatado que muitos dos sofrimentos das pessoas acolhidas eram resultantes de vivência anteriores à institucionalização. CONCLUSÃO: foi verificado que o processo de institucionalização caracteriza um rompimento doloroso entre o sujeito e suas figuras cuidadoras, pois mesmo o acolhimento propiciando boas condições estruturais e materiais ao sujeito, ele não está preparado psicologicamente para um rompimento.
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