Os inimigos invisíveis: a doença como metáfora
DOI:
https://doi.org/10.17267/2594-7907ijhe.v4i2.3330Palavras-chave:
Metáfora. Doença. Literatura. Medicina. Humanidades.Resumo
O ensaio estrutura-se com base no livro A doença como metáfora, de Susan Sontag, à medida que discorre sobre o processo de metaforização ao qual o ser humano submete as doenças que lhe acometem, sobretudo quando estas lhe fazem sentir impotente diante das arbitrariedades da vida. O ensaio reflete, desde a sua introdução, sobre a importância da literatura, enquanto representação de tudo o que atravessa a realidade humana, trazendo, em seu desenvolvimento, títulos de alguns textos nos quais a metaforização das doenças, atrelada à culpabilização das vítimas, se faz presente. Textos de diferentes períodos da história são evocados - de Édipo Rei de Sófocles (427 a.C.), a Ensaio sobre a cegueira (1995), de José Saramago - com a finalidade de conduzirem-nos à reflexão acerca do atual momento que vivemos: o de Pandemia da Covid-19. Assim como outras doenças que fugiram ao controle do homem ao longo de toda a história, a COVID-19 também tende a ser metaforizada e, com isso, discursos fanático-religiosos, xenófobos e segregadores podem assumir protagonismo, exigindo de todos os que enfrentam o vírus, maturidade e, em especial, dos profissionais da saúde, coragem para ver e reparar não só em todos os sintomas que nos ameaçam enquanto espécie humana, mas, sobretudo, nas pessoas que se veem numa guerra contra um inimigo invisível e necessitam, como nunca, de uma medicina humanizada.