O Outro, do outro lado do espelho: o gênero não inteligível
DOI:
https://doi.org/10.17267/2317-3394rpds.v7i2.1969Palavras-chave:
Linguística. Gênero. Espelho. Desejo do OutroResumo
Este artigo discute o conto “O Espelho, do outro lado”, escrito pela filósofa e feminista belga Luce Irigaray, sob uma perspectiva filosófica, psicanalítica e linguística. Trata-se de uma análise, na qualidade de enunciação estruturante, com informações objetivas que repensam aspectos em sua produção, além de uma avaliação aos modos pelos quais estão sendo elaborados outros discursos que também ordenam, seduzem e/ou oprimem o Outro. Como instrumento, utiliza-se aqui a semiótica, que não se ocupa somente dos aspectos formais do texto como também dos elementos internos e da busca de sentidos que apontam para além da significação, para o âmbito da experiência, podendo esses serem imaginativos e ficcionais. Além do domínio da significação, há essa magnitude nuclear do texto, que tenta inscrever-se e que podemos identificar como desejo. Nesta produção de significados, investigamos o conceito de speculum na dialética do imaginário – ora a plenitude do prazer e a vivência de integração possível, ora a sua ausência e, com ela, a angústia gerada pela ameaça de desintegração. E é nesse contexto e de acordo com a Teoria do Espelho estabelecida por Jacques Lacan que procedemos nessa apreciação. Então, nos deleitemos à luz de Irigaray, nesse conto, a exclusão do imaginário feminino destina à mulher uma posição de apenas experenciar-se de forma estilhaçada, na margem e à margem, de estruturas dominantes pouco seguras. A realidade não é o real, mas uma espécie de emanação desse, passível de ser performada. O que nos leva a pensar que o feminino, enquanto real, resiste à compreensão, não se conformando no lugar de Outro, e, assim, torna-se não inteligível, no qual o sexo, o gênero e a sexualidade são uma unidade ficcional.