A experiência subjetiva do tratamento hemodialítico em pacientes renais crônicos: repercussões e rearranjos psíquicos
DOI:
https://doi.org/10.17267/2317-3394rpds.2025.e6122Palavras-chave:
Sofrimento Psíquico, Hemodiálise, Qualidade de Vida, Doença Renal Crônica, Integralidade em SaúdeResumo
INTRODUÇÃO: A hemodiálise é o método de terapia renal substitutiva mais utilizado pelas pessoas diagnosticadas com doença renal crônica (DRC). Essa terapia e a própria DRC provocam diversas repercussões na vida do indivíduo, incluindo modificações na dinâmica familiar, restrições nutricionais, limitações físicas, afastamento do trabalho e do convívio social. Tais implicações impactam sobremaneira a esfera emocional desses pacientes, influenciando na qualidade de vida, e, muitas vezes, sendo um importante preditor de menor sobrevida. O objetivo deste estudo foi investigar as experiências subjetivas do tratamento hemodialítico em pacientes renais crônicos, em um serviço de nefrologia de um hospital geral de Salvador, Bahia, Brasil. MÉTODO: Estudo qualitativo, de natureza exploratória-descritiva, visando acessar os processos pelos quais as pessoas envolvidas constroem significados. Foram selecionados 12 pacientes em tratamento hemodialitico através de amostragem por conveniência. Para coleta e análise dos dados, utilizaram-se a entrevista semiestruturada (analisada segundo o método da análise de conteúdo de Bardin) e o Procedimento do Desenho-Estória com Tema (analisado à luz da psicologia analítica junguiana). RESULTADOS: A classificação se deu em função da repetição dos temas e levou à configuração de quatro categorias: impacto do diagnóstico e início do tratamento; dependência funcional, limites e qualidade de vida; tratamento como condição necessária para (sobre)viver; e repercussões emocionais e recursos de enfrentamento. CONCLUSÃO: O convívio dos pacientes com a DRC mostrou-se atravessado por episódios de indignação, medo e desvalia, além da configuração de rearranjos psíquicos e consequente aceitação da condição clínica, principalmente através da percepção do tratamento como recurso imprescindível para a manutenção da vida. Dessa forma, o tratamento hemodialítico demanda um processo de adaptação que desafiam as respostas emocionais dos pacientes frente à cronicidade da doença renal.
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